Entrevistas


ENTREVISTA
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Luciano B. dos Santos, isga


isgabrasil- Na sua opinião, qual o perfil dos jovens que estiveram presentes na JMJ no Rio de janeiro?
Em primeiro lugar preciso dizer da felicidade que me foi poder participar deste momento tão lindo de nossa Igreja; foi algo para jamais esquecer e uma nova convocação para ser fiel e perseverante discípulo e missionário do Senhor Jesus. Claro que havia muitos jovens que estavam lá apenas pelo momento, por querer apenas ver o Papa ou simplesmente por turismo. Isso é normal. Mas creio que se apenas uma gota da graça de Deus tenha tocado o coração dessas pessoas, terá sim valido a pena a participação destes. Mas também havia jovens engajados e comprometidos com suas comunidades, jovens de uma fé enraizada e perseverante. Posso dizer que entre tantos outros aspectos que chamaram a minha atenção nesta edição da JMJ, o que mais marcou foi a união de jovens de diversos países com um mesmo desejo de ser sal, luz e fermento, jovens desejosos de lutar por um mundo melhor, um mundo renovado em Cristo. Muito embora falássemos diversas línguas, parecia-me que na verdade não havia diferenças entre o que cada jovem manifestava: o desejo de transformar o mundo imitando a vida de Jesus.


isgabrasil- No seu ponto de vista, qual a mensagem central do Papa Francisco? De modo geral, você acredita que os jovens presentes na JMJ no Rio, entenderam bem essa mensagem? Por quê?
Penso que mensagem central do Papa Francisco está na homilia da missa de encerramento e envio: "Três palavras: Ide, sem medo, para servir. Ide, sem medo, para servir. Seguindo estas três palavras, vocês experimentarão que quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe mais alegria. Queridos jovens, regressando às suas casas, não tenham medo de ser generosos com Cristo, de testemunhar o seu Evangelho." É isso o que o Senhor espera de nós, que caminhemos à frente sem medo na certeza de que é Ele quem age em nós. Antes mesmo de o Papa ter dito estas palavras, senti esse desejo dos jovens em construir um mundo melhor. Essa mensagem dele veio para fazer arder o nosso coração, como quando Jesus falava com os discípulos de Emaús, e nos deu novo ânimo e vigor para anunciar a chegada do Reino de Deus.


isgabrasil- Houve algum momento em que você se sentiu mais profundamente tocado? Sente-se a vontade para fazer essa partilha conosco?
Todos os momentos desta JMJ me tocaram muito, mas quando o Papa Francisco fez o seu discurso de acolhida aos jovens na praia de Copacabana, no dia 25 de julho, senti a confirmação à vocação a qual fui chamado. Disse o Papa: "«Bote fé». A cruz da Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do Brasil inteiro com este apelo. «Bote fé»: o que significa? Quando se prepara um bom prato e vê que falta o sal, você então "bota" o sal; falta o azeite, então «bota» o azeite... «Botar», ou seja, colocar, derramar." Como leigo consagrado sinto que tenho a missão de ser dessa forma: levar a fé onde a dúvida persistir; levar a esperança onde houver desespero; levar o amor onde o ódio domina os corações.


isgabrasil- A participação na JMJ com o Papa Francisco produziu reflexões no seu coração com relação à vida consagrada no específico da nossa realidade de leigos seculares?
Sim, sobretudo em como tenho vivido meu noviciado no ISGA. Tão pequeno sou, ainda há tanto o que melhorar, há tantos passos para se dar. Claro, chega a ser gritante a humildade deste nosso Papa. Esta é a primeira reflexão que me vem ao coração: busco uma vida de simplicidade e pobreza evangélica? Quais são os passos que devo dar para viver isso? É algo a ser profundamente refletido. Depois, em que "grau" está a configuração da minha vida à vida de Cristo? Esse também é um ponto central, sobretudo como membro da Família Paulina. Ser discípulo e missionário dependerá de como viver essa configuração ao Mestre Divino. Por fim, o cultivo da minha vocação que deve ser diário, através da oração, da Santa Missa, da leitura da Palavra de Deus, da Penitência, da adoração ao Santíssimo Sacramento, de estar atento às realidades que me cercam.


isgabrasil- O que você viu ou ouviu durante a JMJ que o pensar em todos os Gabrielinos?
Sobretudo nos momentos de oração como o terço missionário, as catequeses com os bispos, a via-sacra e as Santas Missas. Neste momentos lembrei e apresentei ao Senhor todos os irmãos Gabrielinos que caminham comigo.


isgabrasil- Como você resumiria sua participação na JMJ 2013 usando o trecho de alguma música que seja bem conhecida de todos?
Não sei se todos a conhecem. Também tenho dificuldade em separar um trecho, mas resumo com uma canção (não resumida rsrs) dos Cantores de Deus chamada "Solidariedade":


Línguas diferentes
Mesmos sentimentos
Fazendo de nós um só
People around the world
Sing the same song
Solidarity in the world
Solidariedade! Solidarity!
La Solidarité! Solidariedad!
Il n_a pas des frontières
Qui séparent
Les sentiments qui nous raprochent
No hay más fronteras diferenciando
La necedidad humana
No coração somos um só país
In our heart we are a community
Dans le coeur nous ne sommes
Qu'um seul pays
En nuestro corazón, somos un solo país
O amor se comunica sem palavras
You don't need a wors to love
L'amour parle sans mots, habla sin palabras
Anyone can understand


Entrevista com o papa Bento XVI


Santidade, as suas encíclicas propõem uma antropologia forte, um homem habitado pelo amor de Deus, um homem de racionalidade alargada pela experiência da fé, um homem que tem uma responsabilidade social na dinâmica da caridade, recebida e doada dentro da verdade. Justamente nessa dimensão antropológica, em que a mensagem do evangelho exalta todos os elementos dignos da pessoa humana, purificando os resíduos que obscurecem o verdadeiro rosto do homem criado à imagem e semelhança de Deus, Sua Santidade tem dito repetidamente que essa redescoberta da face humana, dos valores do evangelho, das raízes profundas da Europa, é uma fonte de grande esperança para o continente europeu e para os demais continentes. Pode nos explicar as razões da sua esperança?

Papa Bento XVI: A primeira razão para a minha esperança é que o desejo de Deus, a busca de Deus, está inscrita profundamente em cada alma humana e não pode desaparecer. É claro que, durante algum tempo, as pessoas podem se esquecer de Deus, deixá-lo de lado, fazer outras coisas, mas Deus nunca desaparece. É simplesmente verdadeiro o que diz Santo Agostinho: que nós, homens, ficamos inquietos até que o nosso coração repouse em Deus. Essa inquietação existe hoje também. É a esperança de que o homem, de novo, inclusive hoje, empreenda o seu caminho rumo a esse Deus.
A segunda razão para a minha esperança é que o evangelho de Jesus Cristo, a fé em Cristo, é simplesmente verdadeira. E a verdade não envelhece. Ela também pode ser esquecida durante certo tempo, outras coisas podem ser encontradas, ela pode ser deixada num canto, mas a verdade, como tal, não desaparece. As ideologias têm um prazo de vida contado. Parecem fortes, irresistíveis, mas, depois de algum tempo, elas se consomem, não têm mais a força de antes, porque carecem de uma verdade profunda. São partículas da verdade, mas, no fim, acabam se consumindo. Já o evangelho é verdadeiro e, portanto, nunca se desgasta. Em todos os períodos da história aparecem as suas novas dimensões, aparece toda a sua novidade, no ato de responder às necessidades do coração e da razão humana, que pode caminhar nesta verdade e nela se encontrar. E assim, por este motivo, eu estou convencido de que há também uma nova primavera do cristianismo. Uma terceira razão empírica nós vemos no fato de que essa inquietação, hoje, está presente na juventude. Os jovens já viram tanta coisa, as ofertas das ideologias e do consumismo, mas captam o vazio em tudo isso, captam a sua insuficiência. O homem é criado para o infinito. Todo o finito é pouco demais. E por isso nós vemos que, justo nas gerações mais jovens, esta ansiedade é despertada de novo e eles começam a sua jornada, e acontecem assim novas descobertas da beleza do cristianismo, de um cristianismo que não é de baixo custo, que não é reduzido, mas sim do cristianismo na sua radicalidade e profundidade. Eu penso, portanto, que a antropologia, como tal, nos mostra que sempre haverá novos despertares do cristianismo e que isto é confirmado com uma expressão: fundações profundas. É o cristianismo. É verdadeiro, e a verdade sempre tem futuro.

Sua Santidade afirmou em várias ocasiões que a Europa teve e ainda tem uma influência cultural sobre todo o gênero humano e que não pode deixar de se sentir particularmente responsável não apenas pelo próprio futuro, mas também pelo futuro de toda a humanidade. Olhando para frente, é possível delinear os contornos do testemunho visível de católicos e cristãos das Igrejas ortodoxas e protestantes, na Europa toda, do Atlântico aos Urais, que, vivendo os valores do evangelho em que eles acreditam, contribuem para a construção de uma Europa mais fiel a Cristo, mais acolhedora, solidária, não somente preservando a herança cultural e espiritual que os distingue, mas também no compromisso de buscar novos caminhos para enfrentar os grandes desafios comuns que marcam a era pós-moderna e multicultural?

Papa Bento XVI: Esta é a grande questão. É claro que a Europa ainda tem um grande peso no mundo de hoje, seja econômico, seja cultural e intelectual. E, com esse peso, ela tem uma grande responsabilidade. Mas a Europa, como você mencionou, ainda tem que encontrar a sua plena identidade para ser capaz de falar e de agir de acordo com as suas responsabilidades. O problema, hoje, não é mais, na minha opinião, o das diferenças nacionais. São diversidades que não representam mais divisões, graças a Deus. As nações permanecem, e, na sua diversidade cultural, humana, temperamental, são um tesouro que se completa e que dá à luz uma grande sinfonia de culturas. São, fundamentalmente, uma cultura comum. O problema da Europa, de encontrar a sua identidade, me parece que está no fato de que temos hoje duas almas na Europa: uma alma é a razão abstrata, anti-histórica, que tenta dominar tudo porque se sente acima de todas as culturas. Uma razão desembocada em si mesma, que pretende se emancipar de todas as tradições e valores culturais em prol de uma racionalidade abstrata. A primeira sentença de Estrasburgo sobre os crucifixos era um exemplo dessa razão abstrata, que quer se livrar de todas as tradições, da própria história. Mas não podemos viver desse jeito. Até porque a própria "razão pura" é condicionada por uma situação histórica específica, e é só neste sentido que ela pode existir.
A outra alma é aquela que podemos chamar de cristã, que se abre a tudo o que é razoável, que criou, ela mesma, a audácia da razão e da liberdade de uma razão crítica, mas permanece ancorada nas raízes que deram origem a esta Europa, que a construíram nos grandes valores, nas grandes intuições, na visão da fé cristã. Como você mencionou, especialmente no diálogo ecumênico entre a Igreja católica, ortodoxa, protestante, esta alma tem que encontrar uma expressão comum e, então, se encontrar com esta razão abstrata, isto é, aceitar e manter a liberdade crítica da razão no tocante a tudo o que ela pode fazer e a tudo o que ela já fez, mas praticá-la, concretizá-la no fundamento, na coesão com os grandes valores que o cristianismo nos deu. Só nesta síntese é que a Europa pode ter o seu peso no diálogo intercultural da humanidade de hoje e de amanhã, porque uma razão que se emancipou de todas as culturas não pode entrar em diálogo intercultural. Só uma razão que tem uma identidade histórica e moral pode conversar com as outras pessoas e procurar uma interculturalidade, em que todos possam entrar e encontrar uma unidade fundamental dos valores capazes de abrir as estradas para o futuro, para um novo humanismo, que deve ser o nosso propósito. E, para nós, este humanismo cresce justamente a partir da grande ideia do homem à imagem e semelhança de Deus. (Trad.ZENIT)



O Concilio Vaticano II foi realmente profético

Cardeal Mauro Piacenza,
Prefeito da Congregação para o Clero
concede entrevista exclusiva.

Por Antonio Gaspari

ZENIT: Eminência, com esta entrevista a Zenit pretende inaugurar uma série de contribuições para o Ano da Fé, tendo em vista o Concílio Vaticano II, em ocasião do seu 50º aniversário. Por que tanto debate sobre este evento eclesial?
Card. Piacenza: O debate é sempre positivo, porque é um sinal de vitalidade e vontade de aprofundar; e se o tema do debate não é exclusivamente humano, mas um Concílio Ecumênico, ou seja, um evento humano e sobrenatural, pois é o Espírito Santo que conduz a Igreja à progressiva e plena compreensão da única Verdade revelada, então não surpreende que a compreensão dos ditames conciliares requeiram décadas de discussões – e até mesmo de debates – sempre no sulco da escuta daquilo que o Espírito Santo quis dizer à Igreja naquele extraordinário momento.

ZENIT: Qual deveria ser um justo posicionamento diante do Concílio?
Card. Piacenza: Aquele de escuta! O Concílio Ecumênico Vaticano II foi o primeiro Concílio da “mídia”, cujas dinâmicas fisiológicas de confronto e respectivos textos foram imediatamente divulgados pelos meios de comunicação, que não captou sempre a sua verdadeira expressão e, com frequência, orientou para uma compreensão mundanizante. Creio que seja particularmente interessante – e, talvez, necessário – retomar, ou melhor, buscar uma autêntica escuta daquilo que o Espírito Santo quis dizer à toda a Igreja através dos Padres conciliares. Tal dinâmica de aprofundamento, este “justo posicionamento” realiza-se através da leitura direta dos textos. É a partir desta leitura que se pode inferir o autêntico espírito do Concílio, a sua exata localização dentro da história eclesial e a gênese editorial.

ZENIT: Algumas escolhas, também do Magistério, às vezes parecem que vão “contra” o Concílio.
Card. Piacenza: Basta considerar os pronunciamentos do Magistério autêntico pós-Conciliar, em sua dimensão universal, para constatar que isto não ocorreu. Entretanto, outra questão é favorecer uma correta recepção das decisões conciliares, esclarecer o significado de determinadas afirmações e, às vezes, corrigir devidamente interpretações unilaterais, ou até mesmo erradas, artificialmente introduzidas por quem lê os eventos pneumáticos eclesiais com lentes exclusivamente humanas e historicistas. O serviço eclesial do Magistério, que tem suas próprias raízes na explícita Vontade divina, prepara os Concílios Ecumênicos, neles atua com sua máxima expressão e, nas intervenções sucessivas, a eles obedecem, favorecendo uma correta recepção.

ZENIT: O que realmente significa a “hermenêutica da continuidade” de que fala o Santo Padre?
Card. Piacenza: Segundo aquilo que foi explicitamente indicado pelo Santo Padre, é o único modo de ler e de interpretar todo Concílio Ecumênico e, portanto, também o Concílio Vaticano II. A continuidade do único Corpo eclesial, antes de ser um critério hermenêutico, ou seja, de interpretação dos textos, é uma realidade teológica que tem suas raízes no ato de fé que nos faz professar: “Creio na Igreja Una”. Por esta razão não é possível pensar numa espécie de dicotomia entre o pré e o pós Concílio Vaticano II. Certamente deve ser reprovado o posicionamento de quem vê no Concílio Ecumênico Vaticano II um “novo início” da Igreja e também daqueles que vêem a “verdadeira Igreja” somente antes deste Concílio histórico. Ninguém pode, arbitrariamente, decidir se e quando inicia a “verdadeira Igreja”. Nascida do costado de Cristo e corroborada pela efusão do Espírito em Pentecostes, a Igreja é Una e Única, até a consumação da história, e a comunhão que nela se realiza é para a eternidade.
Alguns sustentam que a hermenêutica da reforma na continuidade seja somente uma das possíveis hermenêuticas, juntamente com aquela da descontinuidade e da ruptura. O Santo Padre recentemente definiu como inaceitável a hermenêutica da descontinuidade (Audiência à Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana, 24 de maio de 2012). Além disso, trata-se de algo óbvio, caso contrário não se seria católicos e se injetaria como que um germe de infecção e de uma progressiva decadência; se provocaria, igualmente, um grave dano ao ecumenismo.

ZENIT: Mas é possível que seja tão difícil compreender esta realidade?
Card. Piacenza: Sabes melhor do que como a compreensão, também de realidades evidentes, possa ser condicionada por aspectos emotivos, biográficos, culturais e, até mesmo, ideológicos. É humanamente compreensível que quem viveu durante sua juventude, o legítimo entusiasmo que gerou o Concílio, desejoso de superar certas “obstruções” – que deveriam necessária e urgentemente serem tiradas da Igreja – possa interpretar como perigo de “traição” do Concílio toda expressão que não coadune com o mesmo “estado emotivo”. É necessário, para todos, um salto radical de qualidade na aproximação dos textos conciliares, para que se compreenda, depois de meio século daquele evento extraordinário, o que realmente o Espírito Santo sugeriu e sugere à Igreja. Cristalizar o Concílio na sua necessária, mas insuficiente, “dimensão entusiástica” equivale a não desenvolver um bom serviço ao trabalho de recepção do Concílio, que permanece quase paralisada, pois com o passar dos anos pode-se afrontar e se podem compartilhar avaliações sobre os textos objetivos, mas não sobre os estados emotivos e sobre os entusiasmos historicamente assinalados.

ZENIT: Sabe-se que Vossa Eminência sempre falou com grande entusiasmo do Concílio Vaticano II. O que ele representou para Vossa Eminência?
Card. Piacenza: Como não se entusiasmar com um evento tão extraordinário como um Concílio Ecumênico! Nele, a Igreja refulge em toda a sua beleza: Pedro e todos os Bispos em comunhão com ele, colocam-se em atitude de escuta do Espírito Santo, daquilo que Deus tem a dizer à Sua Esposa, procurando explicitar – segundo os auspícios do Beato João XXIII – no hoje da história, as imutáveis verdades reveladas e lendo os sinais de Deus nos sinais dos tempos, e os sinais dos tempos à luz de Deus! Dizia o mesmo Pontífice na solene alocução de abertura do Concílio, no dia 11 de outubro de 1962: “Transmitir pura e íntegra a doutrina, sem atenuações nem subterfúgios [...] esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e exposta de forma a responder às exigências do nosso tempo”.
Nos anos do Concílio eu era um jovem estudante, depois, seminarista e o meu ministério sacerdotal, desde os primeiros passos desenvolveu-se à luz do Concílio e das suas reformas. De fato, fui ordenado sacerdote em 1969. Não posso negar que sou filho do Concílio que, também graças aos meus mestres, procurei acolher, desde o início, as indicações conciliares segundo a hermenêutica da unidade e continuidade. Esta reforma na continuidade pessoalmente sempre a senti, vivi e, também como docente, ensinei.

ZENIT: Como Prefeito da Congregação para o Clero, acredita que os Sacerdotes receberam bem o Concílio?
Card. Piacenza: Certamente, como porção eleita do Povo de Deus, os sacerdotes são aqueles que, na Igreja, melhor conhecem e mais aprofundaram os ensinamentos conciliares. Entretanto, parece-me que não faltaram as mesmas problemáticas que antes evidenciei, seja em relação a uma justa hermenêutica da reforma na continuidade, seja no que diz respeito à devida aproximação não predominantemente emotiva ao evento conciliar. Se, neste Ano da Fé, todos tivéssemos a humildade e a boa vontade de tomar em mãos os textos do Concílio, naquilo que realmente disseram e não na “vulgata”, que teve uma certa propagação, descobriríamos como o Concílio Vaticano II foi realmente profético e muitas das suas indicações estejam ainda diante  de nós, como um horizonte a ser contemplado e uma meta a ser alcançada, com a ajuda da Graça. Certamente, para que tal obra se realize, é necessária uma grande dose de humildade e uma certa capacidade de superação de um juízo pré-constituído, para que se possa acolher de novo uma verdade que, por muito tempo, foi concebida de modo diverso.

ZENIT: Sobre quais pontos poder-se-ia focalizar a recepção dos documentos conciliares?
Card. Piacenza: Evidenciaria um ponto de particular tensão, que representa a reforma litúrgica, mesmo porque constitui o elemento de maior visibilidade da Igreja. O Servo de Deus Paulo VI, o Beato João Paulo II e o Santo Padre Bento XVI, em vários momentos sublinharam a importância da liturgia como lugar no qual se realiza plenamente o ser da Igreja. Mas infelizmente, como se pode notar em vários casos, que ainda estamos longe de um equilíbrio mútuo a este respeito.
Certamente, uma liturgia dessacralizada ou reduzida a “representação humana”, em que se desvanece até ao ponto de perder a dimensão cristológica e teológica, não é aquilo que a letra e o espírito da Sacrosantum Concilium desejava. Entretanto, isto não justifica o posicionamento daqueles que, adotando a hermenêutica da descontinuidade, recusam a reforma conciliar, considerando-a como uma “traição” da “verdadeira Igreja”.

ZENIT: Existem inovações mais importantes que as litúrgicas?
Card. Piacenza: Vista a centralidade da Liturgia, “fonte e centro” da vida da Igreja (cf. SC,10), não falaria de maior importância. Certamente o Concílio procurou valorizar as verdades evangélicas, que hoje representam um patrimônio comum da catolicidade. Em tal sentido, bastaria pensar a feliz evidência que se dá à vocação universal à santidade de todos os batizados, que favoreceu o nascimento e o desenvolvimento de tantas novas experiências. Além disto, é preciso recordar a abertura em relação aos cristãos de outras confissões, que fez emergir o valor da unidade, com toda a sua beleza, como um necessário atributo da Igreja e como um dom gratuitamente oferecido por Cristo. Este dom deve ser acolhido sempre, através de uma purificação contínua dos que a Ele pertencem. A importância da colegialidade episcopal, que está entre as expressões mais eficazes da comunhão eclesial e mostra ao mundo como a Igreja é necessariamente um corpo unido. A compreensão orgânica do Ministério Ordenado, a serviço do sacerdócio batismal, que concebe presbíteros e diáconos intimamente unidos ao próprio Bispo, como expressão de uma comunhão sacramental no serviço à Igreja e aos homens, representou um objetivo e feliz desenvolvimento da compreensão da face da Igreja tal como Nosso Senhor quis delinear.

ZENIT: Eminência, neste momento a Igreja dedica-se ao Sínodo sobre a nova Evangelização e o Ano da Fé. Se tivesse que dizer uma palavra sintética aos sacerdotes, o que diria?
Card. Piacenza: À luz da fé: Sacerdote torne-se a cada dia aquilo que és!

OBS:  Itens grifados por Francisco de Castro


ENTREVISTA

com Carlos Eduardo, aspirante

do Instituto São Gabriel Arcanjo






ISGA: Carlos Eduardo, como você conheceu o Instituto Sao Gabriel Arcanjo e o que lhe fez sentir vontade de ser um gabrielino?

Carlos: Primeiramente, estudei o Catecismo, o Código de Direito Canônico e documentos da Igreja a respeito dos Institutos de Vida Secular Consagrada (IVSC), pois eu já vinha buscando uma resposta para o chamado de Deus e vi que a consagração é o meio pelo qual devo viver essa vocação. Após esse discernimento, passei a procurar uma forma concreta de realizar esse propósito, ou seja, conhecer um IVSC pelo qual pudesse firmar os votos e ter formação. Foi aí que fiz contato com o Instituto São Gabriel Arcanjo e recebi do Pe. Vittorio as orientações para cumprir os propósitos que havia firmado.


ISGA: Para você, como se pode viver o carisma paulino na vida secular?
Carlos: Tendo em mente que todas as ações são oportunidades para anunciar o Evangelho, ainda que de forma indireta, mesmo que sem recorrer ao discurso, mas sobretudo pelo testemunho na forma de trabalhar, conviver, estudar, cumprir os deveres, perseverar nas orações, enfim, empenhando-se na fidelidade ao projeto que o Senhor nos confiou, a fim de multiplicar os talentos que nos concedeu.
ISGA: Quais os seus projetos para viver seu apostolado como gabrielino daqui para frente?
Carlos: Buscar no trato pessoal mostrar a cada um o valor da missão que o Senhor nos apresenta, sem diminuir as exigências desse caminho, mas realçando a graça que Ele mesmo nos dá para bem realizarmos Seus desígnios.
 ISGA: Que mensagem você deixa para os próximos vocacionados ao Instituto São Gabriel Arcanjo?
Carlos: Até que eu tivesse discernimento dessa vocação, precisei de muitas orações para ter clara a vontade de Deus na minha vida, mas agora vejo que de muito mais orações vou precisar para realizar essa vontade. Temos, porém, a certeza de que estamos unidos na fé e na esperança no seguimento deste Caminho, Verdade e Vida - o próprio Cristo.
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ENTREVISTA

com Malú e Eduardo, membros professos

do Instituto Santa Família



ISGA- Que significa, para vocês, esta possibilidade de viver os Conselhos Evangélicos como casal?
Malú e Eduardo- Antes de mais nada é antes uma responsabilidade que uma possibilidade. Contudo, olhando para a possibilidade é um desafio diário, que traz no seu bojo um sentimento de pertença a Cristo, Divino Mestre, que faz tudo valer a pena.
No voto da pobreza, que assusta num primeiro momento, há o exercício da gratuidade, não só oferecer o supérfluo, mas dar de si mesmo, estar disponível para que a vontade de Deus possa encontrar espaço na nossa vida.
No voto da castidade nos deparamos com uma postura que extrapola a sexualidade em si, mas que abraça todo o contexto do outro num encontro de amor e respeito, na não instrumentalização do outro em todos os sentidos. O voto de castidade comporta o que é sadio e que constrói a ambos na sua dignidade humana.
Quanto à obediência, trata-se de aprender a deixar-se guiar, em primeiro lugar, e sempre, por Deus. Num segundo momento por aquelas pessoas constituídas como autoridades com relação a nós.
Numa época onde a obediência é tão ridicularizada é bom exercitá-la, e perceber que há um ganho considerável e didático no ato de obedecer.

ISGA- No mundo de hoje, em pleno e acelerado movimento de grandes transformações culturais, sociais e políticas, como vocês sentem que podem auxiliar no trabalho de evangelização considerando que fazem parte da família paulina?
Malú e Eduardo- Como você mesmo diz, nesta época acelerada, somos quase um contraponto pelo fato de buscarmos, com este estilo de vida, um caminho cujos valores são eternos, atemporais. Buscamos comunicar Cristo, Caminho,Verdade e Vida, ao valorizarmos a santificação do tempo, ao vivermos nosso dia a dia com os olhos atentos à Palavra, ao partilharmos em família e na comunidade os valores da fé, e ao buscarmos na Igreja as fontes renovadoras da nossa vocação.
ISGA- O padre Tiago Alberione sempre falava da necessidade de estarmos atentos à cultura e à vida social para que nossa evangelização fosse um "falar hoje para os homens e as mulheres de hoje". De que maneira isso se concretiza em suas vidas de consagrados no Instituto Santa Família?
Malú e Eduardo- Na simplicidade do cotidiano que vai tecendo sua trama e encontra na nossa escolha um sim à cultura da vida, ao esforço de ser família nos moldes da Família de Nazaré. A Sagrada Família na sua missão e na candura de seus dias, passou a melhor lição: o estilo da mensagem pode adequar-se a vários épocas e culturas, mas a sua essência é o que rege o discurso.
ISGA- É possível perceber que a vocação para viver consagrados como casal é um ideal que pode motivar muitos outros casais no Brasil? Como vocês cooperam com a pastoral vocacional do Instituto Santa Família?
Malú e Eduardo- Nós diríamos que é viável sim, e não só aqui, mas em todo lugar.
Cabe a nós desmistificar o sentido da vida secular consagrada. Ela, na realidade, constitui um ganho em todos os níveis da vida conjugal, na medida em que prioriza o que não passa e acaba por relaxar as tensões da vida moderna com suas exigências que não satisfazem nem trazem a paz. Estamos formando um grupo de oração para casais fundamentado na  reflexão da Palavra segundo o método da lectio divina, e sempre que possível introduzimos a espiritualidade paulina.
ISGA- Estamos vivendo um tempo de graças com o triênio em preparação para o centenário da Família Paulina. De que modo o Instituto Santa Família tem se mobilizado dentro dessas ações?
Malú e Eduardo- Acabamos de criar um blog, santafamiliabr.blogspot.com , justamente para divulgar o Instituto Santa Família, e para ser mais um veículo para as informações dos eventos que acontecem neste triênio.
 
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ENTREVISTA com
Germana A. - Noviça Anunciatina

ISGA- Germana, como anunciatina, que possibilidades concretas você vê de unir o anúncio do evangelho ao cotidiano de uma vida de empenho profissional e familiar?
Penso que o ponto crucial é desconstruir a ideia generalizada que a igreja é o lugar restrito do evangelho. Enquanto a Palavra estiver “presa” às paredes dos templos, a evangelização também vai estar. É preciso se ampliar a compreensão dos fieis para que percebam que toda ação do cristão pode e deve ser evangelizadora. Se no templo nos alimentamos da Palavra, é no cotidiano que ela ganha vida.

A nossa família é o ambiente que recebemos para o exercício primeiro de evangelização. Percebo que a prática da oração me habilita a uma maior constância nas tribulações. A oração me favorece, de um maneira que não sei explicar, a serenidade necessária para ser ponto de equilíbrio nas crises.
No meu cotidiano, é comum que pessoas me procurem buscando ajuda para o que têm de mais caro: os filhos. É habitual que as famílias se desestruturem por não saberem lidar com as dificuldades dos filhos. Nestas situações, agradeço por poder cooperare, geralmente, pontuo para estes pais que não nos é dado escolher, mas por vezes somos chamados a executar missões as quais nos trarão a gratificação que nos é humanamente inalcançável. É mesmo encantador perceber o evangelho se concretizar nessas relações quando, no caminhar do trabalho, esta gratificação é sentida e vivenciada por esta família com sentimento de paz, harmonia, união...

 ISGA- No seu contexto de vida é possível identificar pessoas a quem seja possível evangelizar sem ter de, necessariamente, falar de religião? Pode citar algum exemplo?
Creio que é sempre possível a uma pessoa de oração identificar ou, melhor dizendo, sentir no irmão a propensão a perceber a presença do divino  no que é tipicamente humano.
Certo dia, na sala de espera de um consultório médico,conversei com uma senhora que aguardava consulta. Percebi que ela, apesar da idade avançada, estava desacompanhada. Iniciei uma conversa; algo naquela senhora me atraia. Conversamos sobre família, exercício da profissão (ela era uma professora aposentada), literatura, entre outras coisas. Não tocamos no tema religião, mas a nossa conversa, que durou quase uma hora sem quepercebêssemos, foi plena de religiosidade.
Aquela senhora, que a princípio pareceu-me em situação de abandono, estava tão aberta à presença do Espírito Santo, que foi capaz de identificá-Lo em várias situações do cotidiano. E eu penso ser esta “abertura” que reflete, nestas pessoas, a luz que nos atrai.

ISGA- As anunciatinas também devem utilizar dos meios de comunicação para tornar conhecidos e praticados os valores do evangelho. Existem instrumentos ou programações de comunicação em nível nacional que, na sua opinião, são instrumentos úteis e positivos para a vida das pessoas?
Especificamente, há na TV, no rádio, na internet...programas direcionados ao tema religião, assim como há na mídia escrita espaços particularmente religiosos. Nestes, o direcionamento é obvio e não há demérito nisto. Ao contrário, que dera que, por exemplo, sempre que ligássemos a TV ou entrássemos num site, apenas conteúdo de religiosidade adentrasse o nosso lar ou preenchesse o nosso ambiente.
Porém, particularmente, vejo que as entrevistas são instrumentos bem úteis ao crescimento pessoal de todo sujeito. Sabemos que, quando são escritas; veiculadas em revistas, jornais,blogs;ocorresempre o risco do texto ter sido manipulado em favor de determinados interesses. Contudo, pontuo aqui a expressão verdadeira do ser humano que, ao falar de si mesmo, revela-se ainda que nas entrelinhas.
Penso que a fala do sujeito revela sempre muito mais do este pretendeu dizer. E, não há nada mais enriquecedor na vida de cada um, do que o exemplo do outro. Falo aqui tantodo bom quanto do mau exemplo.
Mesmo que não seja de conteúdo especificamente religioso, uma entrevista, como momento em que se expõe o próprio ser, é incondicionalmente, uma aula de religiosidade. Quando o entrevistado reflete àquela luz que permite identificar a presença do Espírito Santo naquela vivência, serve de exemplo e incentivo e na caminhada do cristão e; quando a vivência se mostra eivada de vícios; elucida sobre o que é inadequado ao cristão.

ISGA-  Qual a experiência mais bonita que você já experimentou como membro do Instituto Nossa Senhora da Anunciação?
Ser membro do INSA já é, em si, uma experiência que a palavra não alcança. Mas, para citar uma situação específica, ratifico a importância da oração na vida, principalmente, de um consagrado.
Há alguns meses, estive muitoapreensiva com o resultado de exames que a minha mãe necessitou fazer. Como ela possui uma saúde frágil, qualquer outra patologia que se agregue pode se traduzir num agravamento importante. Mas, numa determinada manhã, após ter realizadoas orações características do Instituto, no momento de contemplação, pude sentir uma inexplicável presença.
 Até hoje, não sei bem ao certo se “uma presença”, “uma força” ou “uma energia”, mas claramente senti uma resposta às minhas aflições. Naquele momento, eu soube que, o laudo que aguardava, não me traria notícia ruim. De repente uma paz me invadiu e na minha mente e no meu coração ecoava a frase ouvida pelo Pe. Alberoni na “noite luminosa”: “Não temam, estou com vocês, daqui quero iluminar, vivam em contínua conversão”.

ISGA-  Que mensagem de natal gostaria de deixar aos nossos leitores e irmãos?
 
O amor de Deus não tem causa, é espontâneo. Descubram vocês também o quanto são amados por Deus e manifestem esse amor através de suas vidas de forma extraordinária,sobretudo, neste período em que o Cristo nasce para todos nós.
Que o Divino Mestre nos abençoe e que estejamos sempre sob a proteção de Maria Santíssima.

 
ENTREVISTA com
Anselmo C. - Professo gabrielino

ISGA- Há quanto tempo está caminhando junto com o Instituto São Gabriel Arcanjo?
Estou em formação para ser um gabrielino desde 2007. Já percorri um período curto de aspirantado, depois fui postulante, passei pelos dois anos de noviciado, em 2010 professei os primeiros votos e no último dia 27 de outubro renovei os meus votos. Ao todo são, até agora, 5 anos de caminhada com o Instituto e espero crescer o suficiente na fé e no entendimento de Deus e do ser humano para me tornar cada vez melhor gabrielino. Muita gente tem me ajudado.

ISGA- Cinco anos corresponde a um bom tempo de formação já percorrido. Sente que esses anos têm sido importantes para sua assimilação ao que se espera de um leigo consagrado no carisma paulino?
Eu gosto de pensar que cada dia é um tempo privilegiado de formação e de reflexão sobre a vocação e sobre a própria existência! Nesses anos de formação vivi experiências muito fortes primeiro, porque acredito no amor de Deus e fico atento para perceber seus sinais em coisas aparentemente insignificantes que acontecem no cotidiano de todos nós e que, muitas vezes, não percebemos como sutilezas do Divino Mestre para nos fortalecer. Depois, essas experiências também acontecem porque honestamente, eu às procuro. Sinto-me como um pequeno filósofo a fazer perguntas sobre o sentido da existência e da vocação que pretendo abraçar. Faço perguntas teóricas e empíricas e acreditem-me, algumas respostas demoram para chegar. Cinco anos, nesse sentido, são um tempo ainda bem curto!

Anselmo entrevistando
Dom Antonio Fernando Saburido
(Arcebispo de Olinda e Recife-PE)
no dia mundial da comunicação
ISGA- O que quer dizer quando afirma que procura suas experiências enriquecedoras?
Quero dizer que fico atento e disponível para fazer a leitura de todas as coisas de acordo com a vocação que abracei. Acredito que o fato de me entender como um gabrielino é parte importande de ser um gabrielino porque o homem é o que pensa. Mas também quero dizer que procuro estar em sintonia com os membros dos institutos paulinos e das congregações paulinas, para desenvolver algum apostolado junto com eles sempre que possível. Na paróquia, na escola onde ensino, na família, fico atento para toda oportunidade de apostolado que aparece; quanto sinto que posso colaborar, me coloco disponível.

ISGA- Insistindo na sua formação, o que acha que falta experimentar para ser um gabrielino melhor?
Acho que falta muita coisa. Todos os dias quando rezo eu peço a Jesus que me dê a oportunidade de estar estar sempre em contato com pessoas que tenham o mesmo ideal de vida que eu. Acredito que esse contato fortalece, gera uma sinergia importante, anima! Outra coisa fundamental para a formação é viver momentos fortes de oração. Uma coisa é a gente rezar, falar com Deus, ler, estudar as coisas sagradas, tudo isso é bom demais, mas quando Deus responde com visitas especiais do Espírito dentro da alma da gente, nossa! Isso é demais!!! Na verdade esses momentos de graça especial são bem pontuais na vida, mas alimentam muito. Ainda diria que para ser um melhor gabrielino (e sempre melhor mesmo) eu espero conhecer pessoas e culturas diferentes e descobir em todas o que têm de mais bonito e sagrado, sobretudo nas suas coisas mais cotidianas. A consciência da cidadnia e da nossa contribuição prática, para mim, também é importante para viver a vocação do nosso instituto!

ISGA- Como espera vivenciar este triêncio em preparação para o centenário da Família Paulina?
Teremos um encontro em janeiro de 2012. Nesse encontro esperamos conversar também sobre este assunto. Mesmo assim, segue como propósito a intensificação dos estudos sobre o bem aventurado Tiago Alberione, o aperfeiçoamneto dos nossos apostolados (como esse blog, por exemplo) e a celebração de missas em ação de graças.
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ENTREVISTA com
Luciano Benedito dos Santos, postulante gabrielino



ISGA- Como conheceu o Instituto São Gabriel Arcanjo e percebeu que seu ideal vocacional se relacionava à esta missão e espiritualidade?
Tive a grande oportunidade de conhecer o Instituto São Gabriel Arcanjo no início de 2011. Seis anos após minha saída do seminário franciscano conventual, sentia que faltava algo em minha vida. Sempre senti um forte desejo de ser um consagrado mas não queria ficar fechado num convento, queria mais. Desse modo, conversando sempre com o meu pároco, Frei Deonir Antônio e com o meu ex-reitor, Frei Gilson Nunes, fui orientado a procurar conhecer os Institutos de Vida Secular Consagrada. Encontrei o ISGA através de um pesquisa na internet, tendo o primeiro contato com o site dos Padres Paulinos. Comecei a trocar e-mails com o Pe. Vittorio Saraceno e a participar dos retiros na Cidade Paulina. Identifiquei-me muito com o Instituto. A espiritualidade Paulina é maravilhosa: anunciar o Cristo todo através dos meios de comunicação sociais. Estão aí uma missão e um grande desafio, os quais assumi, com muito carinho quando da minha entrada no ISGA.

 ISGA-  Que significa para você estar em formação para se tornar um gabrielino?
Particularmente nesta etapa do postulantado, estou estudando e conhecendo melhor a pessoa do nosso fundador, o Bem-Aventurado Pe. Tiago Alberione. Estar em formação significa seguir a Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida imitando os passos de Pe. Alberione. É o momento no qual entro na belíssima “escola Paulina”.  É o momento oportuno para progredir na vida de oração e na vivência prática da fé como faziam Pe. Alberione e os primeiros Gabrielinos.

ISGA- Quais seus apostolados na Igreja como postulante gabrielino?
Na paróquia que pertenço, paróquia São Pio X, em Caçapava-SP, estou a serviço de várias pastorais e equipes: participo da Pastoral Litúrgica, ajudando a preparar as celebrações litúrgicas da paróquia e participando de várias formações; sou o formador da equipe de coroinhas e acólitos da comunidade São José Operário; sou membro da Equipe Vocacional Paroquial, equipe destinada a orientar aos paroquianos sobre a vocação que cada um possui na Igreja e também dar suporte aos retiros realizados na paróquia; atuo como Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística, levando a Comunhão para dois enfermos e também auxiliando os Freis durante as celebrações Eucarísticas. Além disso tudo, possuo um blog no qual posto artigos variados sobre a Igreja, espiritualidade,  a vida dos santos e atualidades. (expondoideia.blogspot.com)

ISGA- Para você, qual a importância de nós, gabrielinos, promovermos as vocações em nosso instituto? É possível fazer isso?
Creio ser sim possível que promovamos as vocações para o nosso Instituto. Primeiramente através de nossas ações: trilhando fielmente o caminho traçado pelo nosso fundador, estaremos naturalmente atraindo muitos jovens desejosos de viver uma vida consagrada a Deus no lugar em que eles vivem. Depois, faz-se necessário que utilizemos de todos os meios – internet, televisão, rádio, jornais, revistas, periódicos, folders, santinhos, enfim – para que possamos alcançar a maior quantidade possível de pessoas. Por fim, porém não menos importante, temos que orar incessantemente ao Senhor para que envie santas vocações ao nosso Instituto.

ISGA-  Qual a sua mensagem para quem sente a inclinação para se tornar um gabrielino?
     Como disse o grande Papa João Paulo II na sua primeira saudação aos fiéis, eu digo também a todos aqueles que sentem dentro de si a vocação para esse maravilhoso estilo de vida consagrada:Tive medo ao receber esta nomeação (coloque-se aqui a palavra vocação), mas fi-lo em espírito de obediência a Nosso Senhor Jesus Cristo e com total confiança em sua Mãe, Nossa Senhora Santíssima.” E ainda: “Não tenhais medo! Abri antes, ou melhor, escancarai as portas a Cristo!” (João Paulo II, Primeira saudação aos fiéis, 22/10/1978)

1914 - 2014: Centenário da Família Paulina






Entrevista especial com
PADRE ROMILSON
Promotor vocacional dos padres e irmãos paulinos





Fale-nos um pouco sobre a sua vida, o despertar para a vida religiosa, momentos que marcaram seu caminho e o seu ingresso no seminário.
Falar do meu despertar vocacional para a vida religiosa, é fazer memória do início de minhas atividades na igreja, por meio da catequese. Etapa marcante, rica em formação e vivência forte na espiritualidade. Toda esta instrução me impulsionou a seguir para o caminho religioso.
Para retratar bem a minha vida, preciso me remeter a São Paulo/SP; já que nasci em Ouricuri, sertão de Pernambuco, mas aos dois anos de idade vim para São Paulo com toda a minha família. Esse desejo de tornar-me um religioso nasceu na grande capital. No entanto, em 1990, retornei com minha família para Pernambuco, onde permaneci até 1995. Este período foi marcante na minha caminhada.
Em Ouricuri me desenvolvi na catequese, formação litúrgica e nos serviços gerais que a Igreja carecia. Um grupo chamado EVP, Equipe Vocacional Paroquial, me motivava sempre ao sacerdócio. Ingressei neste grupo que fazia reflexões vocacionais com formações voltadas para a espiritualidade, humanização, psicologia e os desafios da vida religiosa; lá permaneci três anos. Certo dia, na celebração da Santa Missa, li no folheto O Domingo: “Venha ser um apóstolo da comunicação”! Daí surgiu o interesse em escrever uma carta e enviar para o destinatário do folheto, mas livre de qualquer expectativa de resposta. Uma semana depois houve o retorno, isso fez com que eu me sentisse a pessoa mais animada e acolhida. Fiquei três anos me correspondendo com os Padres e Irmãos Paulinos, na época cursava o 1º ano do Ensino Médio. Recebi a visita do promotor vocacional, que na época era Pe. Mário Pizzeta, e mantive a frequência nos encontros da EVP, que me ajudavam a desenvolver uma maturidade mais apurada para a vida religiosa. Após a conclusão dos estudos e a visita do padre e o grande choque que foi a perda de minha mãe, que veio a falecer em Dezembro de 1995. Apesar de todo o sofrimento do vazio sem ter a minha mãe ao meu lado. Em Janeiro de 1996, fui para São Paulo e ingressei no seminário, não por motivo do falecimento, mas porque estava tudo programado para a minha vinda. Agora, como padre, sou o Animador Vocacional dos Padres e Irmãos Paulinos e desenvolvo o trabalho de acompanhamento dos jovens.

Para você, qual o maior desafio na sua vinda para o seminário?
Viver com pessoas desconhecidas, de outras culturas, realidades, a exigência dos estudos e a própria característica particular da congregação, que é evangelizar através dos meios de comunicação-social. O contraste da realidade em que eu vivia e a mudança de hábitos e costumes que despende a vida religiosa foi uma etapa difícil, mas que, aos poucos, fui me adequando e superando.

Ao entrar para o seminário, você sabia que a congregação possuía o carisma específico da evangelização por meio dos meios de comunicação-social?
Sim, eu entrei consciente disso. É necessário apostar, fazer uma escolha num determinado momento da vida. A minha escolha foi movida por muitas reflexões e discernimento, mas eu tinha que direcionar o meu propósito, e foi o que eu fiz, assumi o desafio com suas dificuldades, alegrias e bastante entusiasmo.

E o desafio de sair de casa, as renúncias, o desapego à família, ao cotidiano, à comunidade, junto ao falecimento de sua mãe, como foi lidar com tudo isso?
Eu naturalmente trabalhava, namorava, tinha uma vida comum. Abandonar tudo exige muito de qualquer pessoa, mas somando isso ao falecimento da minha mãe, que deixou um grande vazio em mim, fez com que quase desistisse de ir para o seminário. Mesmo com o apoio da família, perdê-la me machucou bastante. Ao regressar de São Paulo, após o primeiro ano de seminário, e não ter minha mãe para partilhar as experiências foi muito difícil, mas graças a Deus consegui superar tudo gradativamente.

O Nordeste, assim como todo o Brasil, certamente carece de sacerdotes, de pessoas que evangelizem o povo daquele lugar. O que o motivou a deixar sua região e ser padre numa congregação religiosa de São Paulo?
Reconheço a necessidade de pessoas capacitadas para a evangelização do povo do Nordeste, especificamente na região em que eu vivia, em Pernambuco. Ao entrar em contato com os Paulinos, onde fui tão acolhido, recebi toda atenção, materiais vocacionais, me afeiçoei ao carisma e ao modo deles de evangelizar. Eu não tinha essa mesma atenção por parte dos religiosos pertencentes àquela região. Não havia uma promoção vocacional eficaz por parte deles, então eu não tinha conhecimento das ordens religiosas e do funcionamento da diocese da minha cidade; e o fato de receber uma atenção toda especial por parte dos Paulinos de São Paulo, despertou um forte desejo em mim de ser acompanhado por eles, o que me induziu a concluir todo o processo de acompanhamento e posteriormente ingressar na congregação. Quando eu retorno de férias levo muitos materiais produzidos por nós, auxilio a pastoral da comunicação, os programas de rádio, formações, enfim, estou sempre disposto a ajudar.

O senhor falou da importância do acolhimento por parte dos Padres e Irmãos Paulinos, que influenciou diretamente a sua decisão por também tornar-se um sacerdote Paulino. Na sua atual condição de Animador Vocacional, como o Senhor vê isso hoje?
A acolhida é fundamental, acolher o jovem na sua realidade espiritual, social, econômica, religiosa é importantíssimo. E, particularmente, para mim não é problema estar no meio da garotada, me divertindo com eles, orientando, participando, conhecendo a família, o círculo de amizades, faço tudo com gosto e alegria. Muitos jovens desejam entrar para a vida religiosa, mas não sabem como ou a quem recorrer, não entendem a diversidade de carismas da Igreja, presente em suas várias congregações, o funcionamento de uma diocese, entre outras coisas. Acolher com carinho é meu lema! A dedicação, a atenção que minha função exige é impreterível para uma boa orientação do vocacionado, que se sente valorizado com o zelo recebido.

Ao visitar o jovem, sua realidade, conhecer a família, observar seu dia-a-dia, você aprende com essas experiências?
Por eu ser padre, as pessoas têm interiorizadas em si, que estou ali para orientar, ensinar, mas é justamente o contrário! Eu visito o jovem para aprender com a realidade dele, enriquecer-me com sua cultura, vivência do cotidiano, costumes. Eu me despojo de mim mesmo e assumo a posição do vocacionado. Já me vi várias vezes nos vocacionados, o Romilson de alguns anos atrás, que também se preparava para ingressar no seminário; é muito gratificante o trabalho que eu desenvolvo. É interessante destacar aqui a presença da avó nas visitas; às vezes o pai não se encontra, mas a avó está sempre ali, apoiando e torcendo pela felicidade do neto, demonstrando, na grande maioria das vezes, uma influência maior que a da própria mãe.

Descreva a emoção de estar na sua cidade, com a sua família, a comunidade reunida, com alguns membros da Família Paulina para a ocasião da sua ordenação presbiteral.
Foi muito emocionante! Todos os anos de formação, todas as etapas vividas, pessoas que passaram pela minha vida, as dificuldades, alegrias... tudo culminaria naquele momento tão esperado. Quando você diz sim para o Bispo, não é apenas a ele que você se dirige, mas a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, estiveram presentes durante a caminhada que percorremos, e isso é muito marcante. Todo o carinho da comunidade, família e amigos foi manifesto no dia da minha ordenação. Sem eles nada teria acontecido.

Depois de ordenado padre, os desafios continuam?
Não só continuam como aumentam, o atendimento às confissões, os problemas do povo, presidir a Eucaristia, ajudar a congregação, aprimoramento dos estudos, o trabalho como Animador Vocacional, realização de encontros, eventos, enfim, tudo isso faz parte da minha vida e preciso dedicar-me completamente aos meus trabalhos de maneira organizada e eficiente. Por isso preciso sempre manter-me atualizado, trabalhando, desenvolvendo e me aprimorando para atender as necessidades do povo e, de modo particular, dos jovens.

Nós estamos participando de um encontro vocacional onde, infelizmente, nem todos ingressam. É difícil dizer para o jovem que, no momento, ele não está apto para ingressar e motivá-lo a continuar o acompanhamento vocacional? Como você lida com essa situação de ver, muitas vezes, a tristeza nos olhos do jovem?
É muito dolorido, porque eu não sou digno de dizer a ninguém que a pessoa não possui vocação! Nós temos ferramentas para ajudar o jovem na caminhada: a questão da idade, da maturidade, do desenvolvimento. Num encontro como este de 15 dias, percebemos a espiritualidade do vocacionado, sua forma de rezar, a pontualidade, o desejo de viver em comunidade, a forma de execução dos trabalhos propostos; através dessas observações conseguimos perceber alguns sinais. Então, quando dizemos ao um jovem que, no momento, ele não está apto para ingressar, isso não significa que ele não possa ingressar, mas que ele vai continuar o processo para amadurecer sua caminhada através dos materiais que concedemos, de novas visitas e de ter a possibilidade de participar de outros encontros. Mas quando chega o dia de dizer: você não pode ingressar, é muito doloroso, mas isso é uma forma de evitar o próprio sofrimento do jovem. A vida religiosa é muito bela, mas os desafios são inúmeros e quando trabalhamos prematuramente alguns problemas que o jovem traz consigo, facilitamos o seu ingresso e a sua modelação para a vida que ele se propôs.

Complete a frase:
Ser Paulino é apresentar a juventude e a igreja que a tecnologia, a comunicação... estão ao nosso favor, pois elas nos ajudam na evangelização, nos possibilita levar a Palavra de Deus para muito fieis em lugares até pouco freqüentado por um religioso.

Agradecemos ao padre Romilson pela entrevista que nos concedeu neste início das comemorações ao centenário da Família Paulina!
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Entrevista com
Paulo Henrique - noviço do Instituto São Gabriel Arcanjo

ISGA: Paulo, pode nos explicar como foi seu despertar para a vida de consagrado secular e, especificamente, como identificou que Jesus o chamava para o carisma paulino?

Desde o começo da minha caminhada vocacional eu queria consagrar a minha vida a Deus e ser testemunha dele, mas desconhecia a possibilidade da consagração secular. Fiz experiência em um congregação religiosa e acabei retornando para casa por diversos fatores, mas o desejo de me consagrar permanecia forte e firme dentro de mim, como se não pudesse ser feliz e realizado como pessoa se não atingisse este ideal, mas por outro lado percebia a necessidade de pemanecer no mundo para “trabalhar por dentro”, quando descobri o ISGA eu encontrei o que estava faltando para que eu pudesse me “completar”, o carisma paulino (ISGA) é bem abrangente, pois Paulo utilizou todos os meios para levar o evangelho a todos os povos e para isto pode-se usar de todos os meios.

ISGA: Agora você já é um noviço gabrielino e deixou claro que está feliz com essa realidade. Como está sendo essa experiência em sua vida concreta?
O ser noviço me torna membro verdadeiro do ISGA, e com isto as responsabilidades e os compromissos aumentam, mas num aspecto muito positivo como, por exemplo, as orações e os estudos de documentos da Igreja, como também o “ser fermento, sal e luz” , trabalhar para a construção do reino de Deus dentro das realidades do cotidiano, no meu trabalho escolar, na faculdade, na pastoral, em casa enfim em todo lugar ser presença e sinal de Deus, deixar que o amor que vive em mim transborde e contagie outras pessoas, não como alguém alienado mas humano pois “Deus se fez homem mas nunca deixou de ser divino”.

ISGA: O ser gabrielino faz do consagrado um religioso sob o ponto de vista teológico, mas mantém a pessoa juridicamente na condição de secular. De que modo essa compreensão ajuda-o em sua ação pastoral?

O que caracteriza o ser religioso é a consagração a Deus, a profissão dos conselhos evangélicos, e isto é comum a todos os religiosos! Já a questão secular que vem em segundo plano, é a forma de viver esta consagração, precisamos de trabalhadores para todos os serviços da vinha do Senhor, e o ser secular nos proporciona estar mais perto das pessoas, com suas realidades e sofrimentos, quando elas precisam de alguma palavra, um bom conselho, alguém que as faça olhar para o Deus de amor e misericórdia e esta missão compete a nós seculares, chegar onde os religiosos habituais por razão de sua missão não podem.

ISGA: Que leituras ou estudos indicados pelo Instituto foram mais significativos para você até agora? De que forma?
O retiro que fiz em preparação para a entrada no noviciado, um texto sobre a santidade, para mim foi muito forte e significativo, sentir que Deus escolheu também a mim para ser santo no ISGA, foi um momento de forte espiritualidade para mim.

ISGA: Vale a pena ser um gabrielino, Paulo Henrique?
Sim, pois ser gabrielino é ser discípulo do Divino Mestre, continuador da obra de São Paulo e mensageiro como São Gabriel Arcanjo sobre os olhares da Mãe Rainha dos Apóstolos. Vou parafrasear um comercial de um cartão de crédito e dizer:
“Ser gabrielino não tem preço!”

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Entrevista com
Padre Vittorio Saraceno, ssp – delegado provincial para os
Institutos Paulinos de Vida Secular Consagrada

ISGA:  Por que o Pe. Tiago Alberione instituiu, em sua família religiosa, os institutos paulinos de vida secular consagrada?

Uma das grandes preocupações de Pe. Alberione era a de alcançar todos. Era necessário um exercito de leigos consagrados que desse uma mão. Este exército são os Institutos Seculares e, entre ele, os Institutos Paulinos de vida secular consagrados, obra própria da Pia Sociedade de São Paulo. O bem-aventurado dizia: Tudo: eis a grande palavra! Vossa santidade depende daquele tudo. Se nos dermos integralmente ao Senhor, se lhe dermos a inteligência, a vontade, o coração, o corpo, tudo o que temos e o que teremos, pertenceremos inteiramente a Deus. Assim fez São Paulo: em tudo seguiu o Senhor” (Alberione, Pred. VV, p. 230). Aplicando o discurso essencial de seu carisma a cada uma das pessoas, acrescenta: “Quando abençôo, abençôo todo o ser, não somente a cabeça, a vontade, o coração, mas todo o ser... Entender bem isso: entendê-lo bem sobretudo antes dos votos a fim de que vossa doação a Deus seja completa, consciente e convicta” (Ib., p. 198).

ISGA: Como vive um membro do Instituto São Gabriel Arcanjo e como pode exercer seu apostolado?

Tem que lembrar que os membros do Instituto São Gabriel Arcanjo são leigos e continuam a ser leigos também depois da profissão dos votos, porém, leigos consagrados. O Gabrielino vive no próprio ambiente de trabalho ou de família. Ele não deixa a família para “entrar” numa comunidade de religiosos.  É religioso no mundo e vive sua consagração conforme os compromissos apresentados pelo Estatuto. O Gabrielino é continuamente acompanhado na vida espiritual pelo encarregado do Instituto, por correspondência ou outra forma.

ISGA: Vivendo no mundo secular, como um Gabrielino pode participar da missão da Família Paulina?

Pe. Tiago Alberione, nosso fundador, deixou à Família Paulina o carisma da Comunicação social: Dar ao mundo Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida, mediante a Comunicação social: imprensas, cinema, rádio, televisão, internet etc. É um campo vastíssimo, parece ate inalcançável, e com o perigo de perder o rumo. Por ser um campo vastíssimo há lugar para todos neste apostolado. Daí o objetivo da fundação dos Institutos Paulinos de vida secular consagrada, para que os membros destes Institutos assumam, dentro das próprias possibilidades, o apostolado dos Paulinos ou da Família Paulina. Não sempre será possível a padres, irmãos e irmãs entrar em ambientes “leigos”, mas o Gabrielino vive neste ambiente e poderá desenvolver o apostolado da Comunicação social com muita discrição e, sobretudo, com seu testemunho de cristão e de consagrado.
Não necessariamente deve exercer o apostolado da Comunicação social. Pe. Alberione apresenta uma lista de possíveis apostolados. Ele diz: “...podeis exercer todos os apostolados possíveis e adaptados às vossas condições particulares. Se um é professor, pratica o apostolado na escola. Se outro é operário, o prática no seu ambiente e nas várias associações nas quais está inscrito. O mesmo, se está na família, ou num ambiente mais fácil, ou num ambiente mais difícil. Todos os apostolados! Nos, em primeiro lugar, aconselhamos os apostolados da boa imprensa, do cinema, do rádio e da televisão. Mas todos os apostolados são válidos, não se exclui nenhum. Cada um escolhe o seu, segundo as circunstâncias de lugar e de tempo, segundo as suas inclinações e aptidões. Trabalhar para as almas. O Senhor vos põe nas mãos tantas almas” (Pe. Alberione).

ISGA: O que é preciso para se tornar um Gabrielino?

Antes de mais nada é preciso vocação. É Deus que chama. É Deus que abre os olhos para que se enxergue as necessidades que existem no mundo de hoje. Necessita-se de gente generosa, dedicada que acolha o convite de Jesus: “Ide vós também na minha vinha”. Ao chamado de Deus deve seguir muita oração como resposta e fidelidade. É preciso também boa saúde, disponibilidade de tempo, trabalho para sustentar-se.

ISGA: Como se pode entrar em contato para obter maiores esclarecimentos?

Os interessados podem entrar em contato com o encarregado através do endereço eletônico: institutospaulinos@paulinos.org.br ou pelo correio:
Pe. Vittorio Saraceno
Via Raposo Tavares, Km 18,555
Jd. Arpoador
05576-200 – São Paulo - SP

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Entrevista com
Luciano G. – Primeiro professo do Instituto São Gabriel Arcanjo no Brasil

ISGA: Como você conheceu o Instituto São Gabriel Arcanjo?

Conheci o Instituto através da uma pesquisa pela internet.
ISGA: Por que sentiu-se atraído a responder sua vocação à vida consagrada neste Instituto Paulino?
A minha busca vocacional compreendia muito em como melhor servir e onde me encaixo nesse universo, já que a ideia do sacerdócio era por mim descartada.  Depois de uma busca incessante, deparei com a possibilidade de ser Leigo Consagrado através do ISGA.
ISGA: De que modo você realiza seu apostolado como gabrielino?
Eu trabalho na Pastoral da Catequese, como Assessor Paroquial nas duas paroquias irmãs. E faço meu apostolado também, trabalhando na Penitenciaria como professor.
ISGA: Vale a pena ser um consagrado secular no Instituto São Gabriel Arcanjo?
Por quê?
Sim. Porque quando nos encontramos em um caminho que nos faz feliz, vale a pena. Ser Leigo consagrado é uma opção e uma das formas de responder um chamado, mas não é o caminho de felicidade de todos que optam. Situação parecida em qualquer vocação.
ISGA: Que diria aos vocacionados à vida secular consagrada no Instituto São Gabriel Arcanjo?
Estamos num mundo muito secular. A modernidade além de várias opções de vida e tecnologia, traz também conflitos pessoais, profissionais e sociais. Nesta facilidade moderna,  o que é mais cômodo para mim? O consagrado de vida secular vive nesse mundo sem pertencer a ele, sem se iludir e ser uma “luz nas trevas”. Consegue fazer a diferença onde parece não mais ter solução. Somos simples, discretos, discriminados, mas com uma grande força transformadora.

Entrevista com
Anselmo C. – consagrado do isga

ISGA: Como você conheceu o Instituto São Gabriel Arcanjo e por que sentiu interesse de aderir a ele?

Penso que a vida secular consagrada é uma forma de responder a um anseio vocacional. Há pessoas que buscam resolver este desejo por outros caminhos como, por exemplo, na vida religiosa ou sacerdotal, até descobrirem que sua verdadeira missão está em inserir sua consagração nas realidades mais concretas do mundo secular e aí desenvolver um serviço de amor de modo estável. Mas também há quem descobre logo cedo que existe um instituto de vida secular consagrada ideal pra responder a Jesus com toda generosidade e coragem. Eu sempre amei a Família Paulina, sabia da existência do Instituto São Gabriel Arcanjo na Itália, mas não no Brasil. Cheguei fazer experiência vocacional numa congregação de Irmãos, depois saí. Quando descobri que o ISGA já havia iniciado suas atividades no Brasil, então comecei uma caminhada que está durando até hoje. Vejo que meu espírito se anima em viver a vocação de anunciar Jesus Mestre em alguns espaços onde geralmente ele está esquecido.

ISGA: Pode nos contar um pouco dessa experiência?

Hoje em dia se propagam muitas ideias e "valores" e percebemos que nem sempre as atitudes que têm mais força na mídia estão colaborando para a construção de um mundo melhor. Sinto isso, entre outros lugares, também na escola onde trabalho. Muitas coisas "fazem a cabeça" dos meus alunos: o BBB, as gírias e roupas, o excesso de liberdade que desejam ter sem reflexão. São jovens normais, de bom coração, e querem viver de acordo com o seu tempo. Mas quando podemos, em algum momento, falar de coisas mais profundas com eles, então vejo o quanto estão sedentos de ouvir a VERDADE. Se engana quem pensa que a juventude não quer saber de Deus. Então vejo que minha vocação de cristão secular consagrado me permite chegar perto desses jovens cotidianamente e viver com eles as mesmas lutas. Assim, quando falo de Jesus falo como alguem que está perto e por isso esta pregação é constextualizada e tem maior sentido.

ISGA: Como é possível desenvolver um apostolado na vida secular consagrada, já tendo de corresponder às atividades profissionais?

Justamente, entendendo e desenvolvendo as próprias atividades profissionais como um apostolado. Trabalhando bem, procurando transformar o resultado do nosso trabalho profissional em uma contribuição para que o mundo seja melhor a partir do que a gente faz, também, profissionalmente. Depois, sempre sobra um tempo, para dar o nosso algo a mais. Qualquer cristão católico praticante usa desse tempo extra para realizar uma atividade na paróquia, na diocese, ou na comunidade. Padre Alberione sempre ensinava que não devemos desperdiçar o tempo. A mestra Tecla Merlo dizia que os nossos passos estão todos contados. São Paulo fala lindamente que devemos nos ocupar com tudo o que é justo, puro , honroso amável e virtuoso e o Deus da paz estará sempre conosco.

ISGA: Qual o seu apostolado enquanto membro do Instituto São Gabriel Arcanjo?

Procuro desenvoler ações de estudo bíblico na escola, celebações da pascoa e do natal, além da pregação do testemunho que me exige muito mais. Na paróquia, ajudo a promover a pastoral da comunicação, e tenho a tarefa de cooperar com o blog dos gabrielinos.

ISGA: Que mensagem deixaria para quem deseja ser um consagrado secular na Família Paulina?

Sei que este mundo precisa de Deus. Sei também que quando Jesus toca uma alma faz dela um instrumento de irradição da sua mensagem de amor. É esta a razão de ser da Família Paulina: trabalhar todos os dias com empenho e criatividade para que a mensagem do AMOR DE JESUS possa fazer frente a tantas outras mensagens que aterrorizam, entristecem, enganam e diminuem tanta gente. Nosso fundador dizia que o apóstolo é aquele que tem o coração cheio de Deus e por isso, pode transbordar Jesus Cristo para os irmãos e as irmãs. No Instituto São Gabriel Aracanjo vemos se abrir diante de nós um caminho de muitas possibilidades para viver com amor a tarefa de disseminar o AMOR utilizando-nos de todos os meios de comunicação que estiverem ao nosso alcance.

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Entrevista com
Ademar R. S. – consagrado do isga

ISGA - Que significa, para você, ser um leigo consagrado na Família Paulina?

Ser um leigo consagrado na família Paulina é viver a graça da fé em Jesus Cristo, Mestre Divino,  Maria Rainha dos Apóstolos e caminhar inspirado por São Paulo Apóstolo. É ser protagonista de uma comunidade espiritual pensada por nosso fundador, pe. Alberione. Ele nos deixou exemplos de luta e de perseverança na construção de um mundo sintonizado com o legado do Filho, vivendo a dimensão humana em plenitude física e espiritual, voltado para o Pai.

ISGA - Como se pode cooperar com a igreja sendo um gabrielino?

Buscando com humildade servir à Igreja, não medindo esforços para comunicar nossa vocação humana de santidade.

ISGA - Na sua compreensão, como se pode ser cada vez mais fiel ao carisma do Instituto São Gabriel Arcanjo?

A comunicação é a marca principal da Família Paulina. Nós gabrielinos somos responsáveis por embutir em nossas manifestações a presença viva de Cristo. São seus ensinamentos que devem inspirar nosso viver. Devemos transmitir com os meios possíveis a certeza do reino de Deus. São tantos os referenciais que basta agir com naturalidade confiando no Espírito que nos ampara e aponta o caminho.

ISGA - Existem dificuldades na vida secular consagrada? Como superá-las?

Dificuldades sempre vão existir. Todas são transponíveis desde que nos entreguemos com fé e confiança ao que nos propusermos construir. Uma vida cristã exemplar.

ISGA - Que mensagem daria aos que pretendem se tornar gabrielinos?

Para bem comunicarmos precisamos de público. Sabedora dessa necessidade, a Família Paulina é, sobretudo, acolhedora. É desse acolhimento que se alimentam emissores e receptores, fundamentais para que a comunicação se efetive. Temos liberdade de escolha. Estudamos, refletimos e nos comunicamos baseados no evangelho, fonte de conhecimento. Nossos esforços precisam provocar resultados que fortaleçam à Igreja e ao Reino de Deus.