segunda-feira, 23 de julho de 2012

Solidariedade: decisão e vontade

Anselmo Cabral         

          Todos nós precisamos dar e receber, a todo momento, gestos de solidariedade. Alguma campanha nacional já disse através de cartezes, programas de rádio e anúncios em jornais e revistas que "ser solidário é ser humano". Esta frase é lapidar. Deveríamos sempre meditar nela e nos esforçarmos consciente e decididamente em torná-la cada vez mais verdade em nossas vidas.
         Quase sempre observo que, mesmo sem perceber, se torna cada vez mais difícil a muitas pessoas continuarem manifestando a solidariedade. Em nossos tempos temos que correr, temos que conquistar, gostamos de acumular... E precisamos que tudo nos traga prazer e, se possível, imediato. Vivemos uma época muito perigosa onde o hedonismo e o individualismo quase imperam.
         Palavras bonitas sempre emocionam. Imagens bonitas sempre comovem. Mas e a verdade? A solidariedade precisa encontrar terreno em corações que decidam-se racionalmente por viver a partir de critérios que sejam verdadeiramente cristãos. Afinal ser solidário requer energias e coragem para que nos desloquemos de nós mesmos e das nossas zonas de conforto.
         Solidariedade requer que olhemos para as outras pessoas, mesmo desconhecidas, como membros da mesma família humana. É bonito demais quando num momento de grande dificuldade nossa, alguém se dispõe a nos ajudar gratuitamente. Quando percebemos que essa pessoa precisou abrir mão do seu tempo, dos seus afazeres, do seu descanso e e muitas vezes até de suas riquezas para nos ajudar sem pedir nada em troca, então constatamos que estamos diante de um autêntico filho de Deus.
         Por outro lado, quanta tristeza quando numa hora de dificuldade, constatamos que há, em nossa volta, tanta gente que poderia nos ajudar, mas faz cara de paisagem, como se nunca fosse precisar de nada nem de ninguém. Pessoas que não são capazes de se deslocar, de sair de si mesmas, de ir um pouco além dos seus limites para atender a uma necessidade que não é sua, mas do outro. É difícil admitir, mas muitos de nós já caminhamos para esta segunda atitude.
         Tomemos conta de nossos corações. Ser solidário é ser humano. Como vai a nossa humanidade? Se pudéssemos fazer um teste para medir a nossa capacidade de solidariedade, nos sairíamos bem nesse teste? Nosso amor pelo próximo é uma experiência que precisa do aporte sentimental ou uma decisão firme da vontade?

Nenhum comentário: