Anselmo Cabral | isga
2013: nós é quem vamos fazer! Jesus Mestre está conosco. |
Todos nós, invariavelmente, estamos em busca da
felicidade. Uns podem entender que sua felicidade pode estar em alguma coisa,
outros entendem que está em uma pessoa a quem se deva devotar não só todo o seu
amor romântico (ou qualquer outra forma de amor) como também o sentido da
própria vida. Deus que me livre. Ou há os que pensam que a felicidade está
dentro de si ou no encontro de uma prática religiosa que satisfaça seus anseios
maiores de realização espiritual. O fato é que, muito cultas, pouco cultas ou
mesmo não preocupadas com a cultura que têm, todas as pessoas vivem tentando
desenhar o seu mapa do tesouro de modo que se aproxime o máximo possível da
perfeição necessária para fazê-las chegar a sua realização.
Muitas vezes é justamente esse desejo de felicidade
e a coragem de correr atrás do que se quer
que nos faz construir todo um projeto de vida e ainda reconstruí-lo
outras tantas vezes já que durante o tempo de uma existência, nós também
alteramos nosso quadro de prioridades e vamos reelaborando nossos propósitos,
desejando outras coisas, assumindo novos mapas e direcionando nossos esforços
para novos tesouros.
Mas se o desejo de ser feliz é próprio de todo ser
humano, não sei se posso afirmar que a coragem de ir em busca dessa felicidade
(diria desse tesouro) que é individual e próprio de cada pessoa, também seja
algo assim tão universal. Desejar é uma coisa, ter força de vontade para
desenhar o mapa e depois seguir esse percurso já é outra coisa bem diferente.
Mais ainda, se a gente considera quantos são os que param pelo caminho devido
às dificuldades, ou aqueles que se colocam a andar sem ter tido o cuidado de
desenharem seus mapas, então vemos que a felicidade que se busca muitas vezes
acaba tendo de ser encontrada de outras formas. Ou é assim ou se vive na
frustração! – Na busca da realização dos nossos sonhos não são poucas as vezes
que desaparece a luz no fim do túneo. Contra toda desesperança, nessas horas
talvez seja conveniente lembrar de uma das mais bonitas canções (na minha
opinião) de Renato Russo: “Mas é claro que o sol vai voltar amanhã, mais uma
vez, eu sei...”.
A capacidade de redesenhar os mapas dos nossos
tesouros é uma competência cada vez mais importante. Alguém irredutível e pouco
flexível diante de seus propósitos certamente enxergará maiores dificuldades e
menores chances para ser feliz. De outro modo, também não adianta apenas que a
gente se contente com o que a vida oferece se aquilo não atende minimante ao
que buscamos como nossa verdade. “Onde está o teu tesouro, aí está o teu coração”,
foi o que afirmou Jesus Cristo. Portanto, é necessário que nos investiguemos
interiormente, que encontremos dentro da própria intimidade da nossa alma quais
são os tesouros pelos quais valem a pena viver e colocar nossos esforços. De
repente, a busca desse tesouro já é mais, ou tão feliz, quanto encontrá-lo.
Gosto de acreditar que a felicidade de um pintor ao realizar seu quadro não é menor do que ver essa obra depois,
concluída e admirada por muitas pessoas na parede de uma galeria de arte.
Felicidade tem tudo a ver com criatividade e com
coragem. Quem não tem coragem poucas vezes será feliz, porque a felicidade,
embora seja uma graça, não se dá. É uma conquista e também o resultado de um
processo de busca, de maturidade e de releituras da vida feitas com serenidade
e muitas vezes como que atravessando experiências doloridas. De que adianta
viver suspirando pelo que ainda teremos (e será que o teremos?) sem degustar
paciente e deliciosamente do que já pode nos fazer felizes durante o percurso?
O tesouro de cada pessoa pode estar onde ela
acredita que está ou até bem mais perto. A melhor coisa, penso eu, é ter foco,
sinceridade e percepção. Caminhar no sentido daquilo que se quer alcançar, mas
sem perder de vista o caminho. Afinal, as flores e as fontes da estrada
alimentam as forças de quem precisa ir mais longe. Mas nem sempre é preciso ir
tão longe para ser feliz. Quase sempre não é.
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