O Bem-aventurado Tiago Alberione promoveu todas as vocações existentes na
Igreja e as direcionou para um carisma comum: a Evangelização com os meios mais
modernos, os meios de comunicação social. Não se limitou a criar uma
congregação religiosa masculina e feminina como o fizeram muitos. Mas deu
origem a toda uma família religiosa constituída por homens e mulheres. E
acolheu a nova forma de vida consagrada: os Institutos de vida secular
consagrada agregados à Pia Sociedade de São Paulo, ramo da Família Paulina. São
Gabriel Arcanjo para homens; Nossa Senhora da Anunciação para mulheres e até
Santa Família para casais.
Ele entendeu que há muitas pessoas que não são chamadas à profissão religiosa
dos conselhos evangélicos numa comunidade. E que há homens chamados ao
celibato, que não desejem ser padres. Compreendeu que a consagração no mundo
não é um trampolim para a ordenação sacerdotal, no caso dos homens, nem um
prêmio de consolação para aqueles que não puderam ser religiosos.
Pe. Alberione foi corajoso o bastante para correr o risco de limitar vocações
para a sua própria congregação religiosa, a Pia Sociedade de São Paulo. Quantos
na Igreja ficam sem entender por que um jovem, que não deseja ser padre, fica
sem casar. Isso quando a própria existência de irmão leigo entre religiosos não
é compreendida ou estimulada por muitos, e muito menos a consagração no mundo
sem deixar o ambiente familiar e profissional.
Creio que também para os consagrados no mundo fica a dúvida. Não somos
religiosos porque não temos vida comum e comunhão de bens; e não somos simples
leigos porque fizemos votos em tudo igual aos religiosos e reconhecidos pela
Igreja. Afinal, qual o nosso lugar na Igreja? Prováveis religiosos que não
deram certo para a vida em comunidade? Vocacionados que não puderam chegar ao
sacerdócio? De forma alguma. Temos uma vocação específica dentro da Igreja.
Fomos chamados no mundo e para o mundo a fim de testemunhar a vida oculta de
Jesus, de um carpinteiro em Nazaré, durante mais de trinta anos.
Quantos não se perguntariam ao encontrarem um jovem
com o desejo de professar os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e
obediência permanecendo no mundo: Por que não entra na Congregação dos
Paulinos? O que você ganha com o celibato sem o status da vida sacerdotal ou
religiosa?
Penso que até muitos consagrados leigos ainda não
entenderam seu lugar dentro da Igreja. Creio que é por isso que nos Institutos
de vida secular consagrados praticamente só haja vocações femininas. As mulheres
vivem o celibato sem a perspectiva de uma ordenação. Mas que homens possam
assumi-lo sem pretender se tornarem padres, causa certa estranheza até mesmo em
outros religiosos. E, no entanto, penso que seja este o testemunho eficaz para
o mundo, de que o amor a Deus não busca outro objetivo a não ser a sua glória,
e da nossa parte a absoluta entrega de nossa vida sem o objetivo de nenhum
status social.
Foi este o olhar do Pe. Alberione. Nem todos são chamados à vida de comunidade.
O Senhor chama muitos a permanecerem no mundo tal e qual os outros, e a
anunciar a boa nova da Encarnação de Deus como um trabalhador junto aos outros.
Por isto Pe. Alberione não teve medo de criar um Instituto de vida secular
consagrada para homens e de encaminhar para ele até mesmo possíveis vocações
para a Pia Sociedade de São Paulo. Ele
soube promover e acolher todas as vocações que o Espírito Santo suscita na
Igreja.
Prof. Francisco Silva de Castro, isga
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