quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Televisão


Entre o teatro dos horrores
e a disseminação da beleza
 
ac/isga

Quando ligamos a televisão em nossas casas, dependendo do horário, da emissora, do público alvo e da mensagem que se quer transmitir naquele horário, por aquela emissora e para aquele público, podemos perceber que a programação que se produz vai desde excelentes colaborações e prestação de serviços à sociedade até outras programações que poderíamos chamar de escória televisiva.
Percebe-se, de modo geral, um gosto (ou mau gosto) imenso em privilegiar a violência e os conteúdos de menor, ou quase nenhum, significado realmente cultural. Com a justificativa de se criar e veicular programações do interesse das classes sociais mais populares os produtores de TV não percebem que nós percebemos, e muito bem, que se produz para o povo e não com o povo. E  apresentam programas ruins como se o povo só gostasse do que não é bom.
A entrada da classe C e D no gosto televisivo, desde os últimos meses, vem suscitando a criação de programas de gosto cada vez mais duvidoso em que se colocam em evidência a miséria, o populacho, os maus costumes, todo tipo de violência e de criminalidade. Em contradição a isso tudo vimos que esse mesmo povão, que justificaria a produção de programas tão ruins, passou uma noite inteira na fila de um museu de São Paulo para ver, ainda que por pouco tempo,  a uma exposição de artistas impressionistas e expressionistas.
O povo gosta do que é bom, sim. E a busca das pessoas menos favorecidas financeiramente por cultura de boa qualidade não é um fato isolado. Quando produz a sua própria cultura o povo não se rebaixa. Pelo contrário, elabora manifestações de altíssimo valor estético e artístico. É o que chamamos de folclore. E a antropologia pode explica isso muito bem.
Quando se empurra para o povo uma programação de má qualidade existem, obviamente, interesses de impedir que as pessoas tenham acesso a conteúdos positivos e belos que fazem parte do próprio patrimônio da humanidade. E o que é mais cruel: negam ao povo o que é do povo, afirmando que estão dando ao povo aquilo que é produzido pelo próprio povo, o que é uma inverdade.
Por que se produz programações de valores culturais diferentes em distintos horários e em diferentes canais? Porque este telejornal no horário das 20h é menos crítico e sofisticado do que um outro telejornal na mesma emissora que vai ao ar depois das 22h? Por que a programação do canal aberto é inferior à programação do canal fechado? O que estão chamando de popular não é a cultura feita pelo povo, mas a “cultura“ feita para o povo.
Recentemente antes da estreia de um determinado programa de TV, havia no facebbok uma campanha para conseguir um milhão de compartilhamentos para que o referidos programa não fosse ao ar. Não seria suficiente que as pessoas simplesmente mudassem de canal? Ali se oferece um prêmio milionário em troca de nada num programa que custa caro produzir e não se percebe nele nenhuma intenção de lavar qualquer cultura para o público...
É dever cristão procurarmos entender porque as coisas acontecem dessa maneira. A televisão brasileira é uma das melhores do mundo. Existem programas de excelente valor e, no entanto, percebemos que estes não são os mesmo conteúdos que são veiculados nos horários de maior audiência. Por quê?

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