Entre o teatro dos horrores
e a
disseminação da beleza
ac/isga
Quando ligamos a
televisão em nossas casas, dependendo do horário, da emissora, do público alvo
e da mensagem que se quer transmitir naquele horário, por aquela emissora e
para aquele público, podemos perceber que a programação que se produz vai desde
excelentes colaborações e prestação de serviços à sociedade até outras
programações que poderíamos chamar de escória televisiva.
Percebe-se, de modo
geral, um gosto (ou mau gosto) imenso em privilegiar a violência e os conteúdos
de menor, ou quase nenhum, significado realmente cultural. Com a justificativa
de se criar e veicular programações do interesse das classes sociais mais
populares os produtores de TV não percebem que nós percebemos, e muito bem, que
se produz para o povo e não com o povo. E
apresentam programas ruins como se o povo só gostasse do que não é bom.
A entrada da classe C e
D no gosto televisivo, desde os últimos meses, vem suscitando a criação de
programas de gosto cada vez mais duvidoso em que se colocam em evidência a
miséria, o populacho, os maus costumes, todo tipo de violência e de
criminalidade. Em contradição a isso tudo vimos que esse mesmo povão, que
justificaria a produção de programas tão ruins, passou uma noite inteira na
fila de um museu de São Paulo para ver, ainda que por pouco tempo, a uma exposição de artistas impressionistas e
expressionistas.
O povo gosta do que é
bom, sim. E a busca das pessoas menos favorecidas financeiramente por cultura
de boa qualidade não é um fato isolado. Quando produz a sua própria cultura o
povo não se rebaixa. Pelo contrário, elabora manifestações de altíssimo valor
estético e artístico. É o que chamamos de folclore. E a antropologia pode
explica isso muito bem.
Quando se empurra para
o povo uma programação de má qualidade existem, obviamente, interesses de
impedir que as pessoas tenham acesso a conteúdos positivos e belos que fazem parte
do próprio patrimônio da humanidade. E o que é mais cruel: negam ao povo o que
é do povo, afirmando que estão dando ao povo aquilo que é produzido pelo próprio
povo, o que é uma inverdade.
Por que se produz
programações de valores culturais diferentes em distintos horários e em
diferentes canais? Porque este telejornal no horário das 20h é menos crítico e sofisticado
do que um outro telejornal na mesma emissora que vai ao ar depois das 22h? Por
que a programação do canal aberto é inferior à programação do canal fechado? O
que estão chamando de popular não é a cultura feita pelo povo, mas a “cultura“
feita para o povo.
Recentemente antes da estreia
de um determinado programa de TV, havia no facebbok uma campanha para conseguir
um milhão de compartilhamentos para que o referidos programa não fosse ao ar.
Não seria suficiente que as pessoas simplesmente mudassem de canal? Ali se oferece
um prêmio milionário em troca de nada num programa que custa caro produzir e
não se percebe nele nenhuma intenção de lavar qualquer cultura para o
público...
É dever cristão
procurarmos entender porque as coisas acontecem dessa maneira. A televisão
brasileira é uma das melhores do mundo. Existem programas de excelente valor e,
no entanto, percebemos que estes não são os mesmo conteúdos que são veiculados
nos horários de maior audiência. Por quê?
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